Perdemos muito tempo da nossa preciosa vida preocupados em demasia com a aceitação alheia. Não nos conhecemos, não nos buscamos. Permanecemos molhando apenas as pontas dos pés, ao invés de mergulhar fundo. Continuamos sendo o rebanho do consumo.
Consumimos amor, produtos de beleza, barras de cereal com gosto de coisa nenhuma, amigos instantâneos, namorados por encomenda.
Vivemos bitolados com trabalho, com o corpo, emagrecer, malhar, endurecer, não deixar cair, nem enrugar.
Brigamos contra o tempo o tempo todo, tentamos impedi-lo passar. Queremos permanecer jovens o mais possível. Queremos deixar de ser criança o quanto antes. E não mais respeitamos a sabedoria que a velhice traz embutida em meio aos cabelos brancos.
E é aqui que está o paradoxo. Adiantamos o nosso processo de amadurecimento - amadurecimento? -, ao mesmo tempo que criamos crianças precoces que aprendem que é preciso lutar contra o tempo, antes mesmo de vê-lo passar.
Estamos carentes.
Cada vez mais carentes, principalmente de atenção.
Família estruturada (mesmo que nem tão estruturada assim, porque família é família, não há como negar) hoje é artigo raro e felizes são os que ainda podem contar com o apoio dos pais, avós, irmãos. Os psicólogos viraram os nossos pais e mães, e o lexotan nosso melhor amigo.
Pois amizade também, daquelas antigas, quando amigo era para alegria e tristeza, não só pra ir pra balada e tomar cerveja, não se encontra fácil por aí, não mais.
Não confiamos em ninguém além, nem em nós mesmos.
Deus então? Coitado, sofre e é um bocado com essa nossa confusão.
E esquecemo-nos de nos aceitarmos, imperfeitos, inseguros, desastrados como somos.
Doses homeopáticas de liberdade não são suficientes para alcançar a verdadeira dimensão da paz.
Nossos sonhos precisam de um pouco de loucura para serem realizados.
Se você não arrisca, perde a maior graça da festa.
Ria da mediocridade dos que não se permitem ser, e apenas baseiam os seus dias no obter.
A conta bancária da felicidade cresce a partir do momento que você deposita um centavo que seja a mais de ousadia. Ousadia para largar tudo; ousadia para agarrar com todas as forças, as chances que aparecem pelo nosso caminho.
Não tenha medo.
Não se limite. Vá em busca. Vá em frente.
Até porque, atrás, vem gente, e o mundo não para de rodar se você não se decide.