sexta-feira, 26 de novembro de 2010

De graça.

A vida é pura graça pra quem se entrega e se dá de graça. É incrível, é palpável, é real, cada momento que passa te ultrapassa e te faz perceber melhor. Não há regra, não há absoluta verdade ou razão que explique aquilo que o coração tão sábio e tão igualmente desacreditado nos diz, sem darmos ao menos atenção.
O tempo é responsável, por nos mostrar o que de fato faz sentido. Passa o tempo, e paradoxalmente os olhos se apuram, a visão não é mais a mesma, um pouco mais nebulosa talvez, mas, sem dúvidas, mais certeira, nos indica aquilo que realmente vale a pena ser notado. A minha hipótese é que se forma uma conexão, uma ponte, entre os olhos da visão e os do coração e, portanto, tudo fica claro, com o passar do tempo.
Esse tempo que nos faz enxergar melhor, também é o responsável por nos fazer aprender, nos decepcionar e surpreender, porque é assim que se cresce, que de verde, a pessoa amadurece e fica no ponto de poder entender aquilo que outrora fazia sentido, mas que de repente, pode não fazer mais.
O que posso dizer? Que hoje acordei e tudo se esclareceu, amanheceu dentro de mim, meu coração sorriu e eu disse sim. Sim pra vida, pra o amor que aqui pulsa, sem direção, sem dono, sem razão, e me impulsiona a crer que é assim mesmo, a vida é assim. Eu sou assim. 
Não tão somente como crê ou como me vê. Aquele sorriso do retrato não me explica ou descreve, mas reflete, como um espelho, um pouco do que sou. Aquele recado, aquela lembrança, aquele cheiro que ficou gravado, um tanto assim de mim. O que tenho, o que visto, o que falo, pouco dizem , mas aquele olhar distraído, aquela risada incontida, aquela lágrima teimosa que caiu perdida, esses sim, escancaram a boca e falam de mim.
Os meus amigos, minha família, a minha melhor parte. Com eles alegrias e tristezas facilmente se repartem sem que eu simplesmente me dê conta, extravasam, fogem ao meu controle. Mas pra que se controlar, pra que se prender, se privar, se todo mundo quer é voar?
Abri os olhos, peguei as chaves, abri as janelas, e a partir de então, simplesmente, e não mais que de repente, deixei a sorte entrar. Tirei um pouco os pés do chão, e agora meu coração só quer voar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Seus olhos.


Seus olhos me dizem mais do que quaisquer palavras, 
Muito mais do que você quer que eu saiba.
Me explicam sua alma, 
Te expõem em meio a esse palco sem  outros espectadores.
Te desnudam,
Me contam seus segredos, seus medos, anseios, sua dor, sua paz.
Não há como mentir, fingir, escapar, fugir, partir, negar. 


Está claro. Está certo. Está dito.
Seu pior pesadelo, me foi dito, fracassar. 
Seu maior erro, nem tentar. 
Meu melhor conselho:
 Vá. 
Siga em frente, vá à luta, meta o pé, grite, mude, agite, assuma sua postura.
 Seja. 
Seja o que seu coração almeja. 
Seja sincero, seja doce, seja honesto.
Tire a máscara. 
Impaciente-se,
Não espere que tudo caia do céu. 
Se você não se ajuda, se não bota a vida pra andar, 
Sua prece fica muda, mais distante de alcançar. 
E de repente,
Você verá,
Na vida, às vezes, as chances se repetem, 
Ainda há tempo para recomeçar.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Agora.


Agora sim, o tempo cumpriu o seu papel, e tudo, enfim, faz sentido.
Agora sim, eu posso te encarar sem morrer de medo,
Eu posso te contar aquele segredo
Que antes escondi, para não te perder,
Me perder,
Só agora.
Só agora, justamente agora,
Logo agora,
Eu percebi,
Já não me faz temer, ou tremer, ou fugir,
Agora,
Exatamente agora é hora de seguir.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Seu


Abra as portas, destranque esse coração, que por muito tempo tem dito não,
Fugindo, temendo, querendo, amor.
Aceite. Aceite, pois está ao seu alcance, e não canse, meu pequeno, de tentar.
Seu coração, seu tesouro. Sua canção, seu consolo.
Cante, espante esse medo,
Viaje, se for preciso, o mundo inteiro
Mas encontre a chave pra se abrir
Fugir da razão que o impede de sorrir e conquistar
O que é seu,
Liberdade.

domingo, 7 de novembro de 2010

Seja paciente, seja sapiente.

Hoje vou mudar um pouco as coisas por aqui. Vou deixar minha queixa, meu protesto, pois me nego a ver tanto absurdo e ficar calada. Hoje eu estou é indignada com tanta falta de amor. Cria, iludida, ingênua, utópica, que tinha escolhido uma profissão que valoriza o ser humano em sua complexidade, em seu universo de diferenças, pensamentos, cultura. 
Infelizmente, entretanto, hoje me surpreendi, mas não sem espanto, com a falta de humanidade que vi. A desumanização da área de saúde é fato, concreto, facilmente perceptível. As pessoas só se preocupam com o método, com que linha seguir. Pouquíssimos ainda ouvem, ainda enxergam, ainda pensam no paciente. Paciente este, um mundo a ser descoberto, respeitado, conhecido. 
Antes de escolher entre a teoria de Fulano de Tal ou de Sicraninho de Harvard; por que não olhar nos olhos do paciente que está bem na sua frente, doido para falar?
Olhar nos olhos minha gente, e não só ouvir, mas escutar. Compreender, permitir-se tentar ser um profissional além daqueles receita de bolo, pois destes saem milhares todos os anos das universidades. Buscar ser alguém além, como sempre digo: "Alguém além do superficial". Perceber que ninguém é igual, e todos querem sentir que são importantes. Então por que não, vocês que se dizem terapeutas, de todos os tipos (e não me excluo, pois serei também um dia, fisio - mas também - terapeuta), não passam a enxergar além da própria vaidade e ganância, as pessoas que chegam a vocês como pacientes? Seja paciente, seja sapiente, com o seu paciente.
Cabe a quem tem consciência, mudar, e fazer a diferença com a sua atitude. Não custa ser gentil, amoroso, delicado. Só faz bem à saúde e à alma de quem cuida e de quem é cuidado.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mesmo assim, bem querer.

Você se fecha na sua toca
E nada te toca além da sua ilusão.
Você me diz que passou a hora,
Que o momento certo não é agora,
E não explica porque não.
Reclama da vida,
Reclama de tudo,
Declama frases prontas,
Decora porões escuros
Onde só quem entra é você.
E me diz que se sente só,
Que sente só em não poder viver
Seu sonho, seu plano, seu traço,
Sua vida, seu palco, seu estrago,
Que é não olhar pra os lados
E ainda assim se perder
No furacão estranho
Que é você.
Não dá pra te entender
Não dá pra te explicar
Já guardei em mim
O sonho que nasceu pra te dar
Mas você não quis
Mas você não riu
Mas você nem viu
Nem parou pra escutar
E já não há mais som
Já não há mais dons
Já não há mais eu, nem amor,
Bem querer.
"Cê" perdeu a cena
Não a viu passar
"Cê" se arrependeu
E já não há mais como o tempo
Que não era agora
Que já passou a hora
Voltar...