quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mais uma vez.

Como sempre fiz, dessa vez, mais uma vez, tentei fugir. Tentei escapulir, não me prender ao visgo que tem os olhos teus. Eu sorri, eu brinquei, eu, mais uma vez, tentei não me prender, não me perder, escapar ilesa, não me entregar. Mas a vida tem sabedoria infinda, e só ela determina onde e como as coisas vão acabar. E acabou que de nada adiantou as tentativas de fuga frustradas, erradas, inconsistentes.
Incoerente, assim tenho vivido, discordando do que crê minha mente, para mim mesma mentindo. Criei uma mentira indecente, uma liberdade inalcançável, impossível, inexistente. Liberdade não! Queria crer que fosse, mas bem longe disso, criei uma muralha, uma ilusão, que me prende no porão onde guardo os medos meus, minha prisão. Mas por mais sagaz, por mais voraz que seja o meu medo, por mais que eu trave e disfarce segredos, não estou imune a nada. Mesmo travada encontro-me exposta e basta um tantinho de atenção, um olhar mais profundo que seja, minha farsa fica clara, cai a máscara, acaba a brincadeira. E de repente, o medo se vai, e simplesmente a certeza me trai.
Mas quem disse que é ruim? É bom, é ótimo, é muito melhor para mim. Meu coração sorri e agradece, finalmente, eu sei, foi atendida a minha prece e não há porque nem o que temer. É chegado o tempo de colher, é chegada a hora de replantar, mais uma vez, está na hora de faxinar, abrir espaço para o amor que não mais que de repente pede espaço para entrar.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Conceição e Elias

Simplesmente, de forma prática, eficaz, coerente com a simplicidade da lógica, assim se deu. Sucedeu que bastaram dois encontros e poucas meias palavras para que se acertassem e concordassem com o casamento de idéias, intenções. Exatamente da forma contrária que as complicações que criamos das emoções, que sabotamos, assim que as encontramos, com falsas e inúteis explicações.
Bastou um olhar, Conceição, agradeceu! Finalmente acabara de encontrar a solução, sonho seu. Um amor, talvez. Um lugar tranquilo, um porto seguro onde abarcar no mar escuro, uma mão para apoiar. Desde muito cedo, sofrida, vivia a esperar, tranquila, esse dia chegar.
E Elias, tão sofrido quanto Conceição, tão vivido, tanta desilusão, disse sim. Não pra o amor, nem pra o medo que ele traz. Não pra dor, nem a angústia que é capaz de ferir, mas SIM, pra felicidade que poderia obter, para cumplicidade que sonhara ter, batendo à porta da sua casinha, sorrindo tímida, faceira, cabreira, mas sincera, palpável, real, Conceição na sua janela, esperando o fim do mal.
Espectadora como estava, Elias e Conceição admirava, pela simplicidade e coragem de continuar a viver, pois não há local ou idade, em qualquer circunstância, o amor pode acontecer.